segunda-feira, 20 de abril de 2009

Identidade Secreta

Finalmente o dia havia chegado. A primeira festa de carnaval do saudoso Candanguinho. Poderia, enfim, sair em público com meu traje de combate ao crime sem ser recriminado, sem ser apontado na rua como o maluco da capa. Maluco da capa… Mas que desaforo! Eu era o cavaleiro das trevas, o senhor da noite, o homem morcego! Eu era o Batman, oras! E naquele dia, finalmente  não precisaria esconder isso.

            A preparação foi grande. O traje acabara de voltar da 5 à sec, novo como no dia em que chegou da loja onde todos os grandes heróis compram suas vestes: Armarinho Milano, é claro. O bat-móvel, recém polido, era abastecido pelo motorista de identidade anônima, conhecido simplesmente pelo codinome ”papai. E, por ultimo, é claro, o cinto de utilidades, munido de serpentina e confete para qualquer emergência.

            Chegada a hora, lá estava eu, no estacionamento do evento. Minha ansiedade aumentava na medida em que eu me aproximava. Já havia avistado o Flash exibindo sua velocidade para chegar à fila antes do Power Ranger azul. O Homem-Aranha corria, provavelmente para ensinar àquele duende do jardim uma lição. A Cinderela chorava por causa do seu tombo na rua. Alguém arruma uma abóbora pra essa mulher, por favor?

            O sentimento de ter o rosto coberto pela máscara, de saber que ninguém jamais saberia da minha identidade, a emoção de ser batman, e não Bruce. Toda essa adrenalina já tomava conta de mim. Avistei o segurança. Superman, é claro! Aquele sorriso de bom moço na porta do colégio todos os dias nunca me enganou. Já eu? Ah, eu tinha uma mascara. Quase conseguia ouvir seus pensamentos indagando quem seria o homem atrás dela. Estava pronto para surpreendê-lo.

 

-Oi seu Raimundo! Sabia que era você o super-homem!

-Haha! Oi Gabriel! Então você é o Batman?

 

Maldita visão raio-X.            

2 comentários:

Clara Campoli disse...

Que lindo. :)

Braitner Moreira disse...

Você lendo isso em sala foi impagável.