sexta-feira, 24 de abril de 2009

Metalingüando

Sabe como acho que saem meus textos? Da agonia gigantestca que eu sinto de ver uma folha em branco. Todas aquelas linhas, simplesmente implorando para virarem algo mais que linhas, mais que branco. Á partir do momento no qual encontro meu lápis, caneta BIC, canetinha ou giz de cera, aí já era. Começo e não paro mais. Você vai ver quem é que é uma folha branca! Começo então a invadir os cantos mais escuros da minha cabeça, aqueles sentimentos que estão escondidos até de mim e passo então a tentar decodificá-los e transformá-los em palavras. Nunca dá certo. Acabo sempre com uma orgia de palavras que não fazem sentido algum. Um mix de raiva, saudade, amor, vergonha, tesão, felicidade. Um em cima do outro. Uma verdadeira suruba verbal. Enfim chega a parte difícil: me meter no meio dessa bagunça e decifrar o que é que eu estou querendo me dizer. Normalmente é um acesso insano de melancolia extrema, o que, invariavelmente resulta num texto igualmente triste, depressivo e, enfim, chato pra caralho.

Comecei esse desse mesmo jeito. Tinha certeza que seu fim seria dramático como a semana que antecede ao fim da novela mais piegas que a Globo já produziu. Afinal de contas, não é em qualquer fim de semana que é jogada toda a sua vida no ventilador. E é engraçado. Pode nem ser uma coisa ruim, mas o fato de mudanças atingirem uma rotina tão intrínseca ao meu eu me faz entrar em desespero. Ainda que eu estivesse esperando essas mudanças há anos. E foi exatamente isso que mudou a direção desse texto. Eu fui desnorteado, e dessa vez me recusei a apontar o meu norte para aquele meu lugar comum. Não. Que tal encarar as coisas de um jeito novo, pra variar?  Me vêm à cabeça quinze mil clichés de livros de auto-ajuda dizendo “levanta a cabeça”, “siga em frente”, “não desista”. Prefiro fazer meu próprio cliché. Aproveite-se dele quem a situação permitir. Taca o foda-se, Gabriel. E vai ser feliz. Você e suas folhas em branco.

4 comentários:

Gabriel Cunha disse...

p.s: reforma ortográfica de cú é rola.

Clara Campoli disse...

Cu não tem acento e eu amo seus textos. :D

Gabriel Cunha disse...

o cÚ é meu e eu ponho o que eu quiser nele, ok?

camilacorado disse...

amo hífens assim como seu texto. taca o foda-se e nos alegre com eles!

:)